O juiz Maurício Breda vai presidir, nesta
terça-feira, mais um julgamento histórico
e de repercussão internacional.
Só que, agora, vítimas e réus não são nomes de destaque – pela sua fortuna ou poder político.
Mas trata-se de uma chacina, ocorrida em setembro de 2002, em União dos Palmares, que levou o estado de Alagoas a ser denunciado em um relatório da ONU, em que foram registrados vários crimes bárbaros e impunes praticados no Brasil.
Os mortos eram jovens, negros, chamados, então, de “cheira-cola”. Eles foram executados com tiros na cabeça. Segundo a perícia, foram mortos de joelhos, sem qualquer chance de defesa.
Eram eles:
- Tiago Holanda Silva, 18 anos (sobre quem não pesava qualquer suspeita);
- Sizenando Francisco da Silva, 17 anos;
- Sydrônio José da Silva, 16 anos;
- Maurício da Silva, 19 anos.
Os quatro eram amigos. Dois deles tinham passagens pela polícia, por suspeita de pequenos furtos, e teriam sido executados pelos chamados “Ninjas”, de União dos Palmares, um grupo de extermínio com muitos tentáculos no poder.
No banco dos réus estarão, amanhã, dois policiais militares: o cabo Eraldo Tadeu e o subtenente Antônio Batista de Lima Neto.
Testemunhas mortas
Duas testemunhas do caso, que chegaram a depor na polícia, foram assassinadas – uma delas, no Baldomero Cavalcante, aqui em Maceió.
O caso só foi adiante graças à ação destemida do promotor Tácito Yuri, da comarca de União dos Palmares, que chegou a ser também ameaçado.
O julgamento foi transferido para Maceió depois de muitas polêmicas, por decisão do Tribunal de Justiça.
Atuarão na acusação os promotores Marília Cerqueira e Flávio Gomes.
Já se vão treze anos, praticamente.
As vítimas não são pessoas famosas, não foram julgadas, mas receberam a sentença de morte.
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