Advogada impedida de entrar no TJ diz que foi ofendida por PM’s
Advogada em entrevista a emissora de TV mostra saia censurada
A advogada Mirnia Alves, que foi proibida de entrar nas dependências
das Câmaras Cível e Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL)
na quarta-feira (20), por usar supostamente uma saia imprópria,
classificou a postura dos militares do TJ como brutal e afirmou que toda
situação a abalou fortemente.
Em
entrevista na tarde de ontem ao Programa Verdade e Informação, da TV
Mar, da Organização Arnon de Mello, a advogada revelou que não conseguiu
dormir nas últimas 24 horas em virtude de toda a confusão. Ela
agradeceu o grande apoio ofertado por autoridades, colegas de colegas,
familiares e até desconhecidos.
Visivelmente emocionada, a advogada contou como tudo aconteceu,
lamentando, também, a recorrência da postura dos militares para com
outras colegas. Ela disse que se dirigia normalmente para as Câmaras
quando os militares responsáveis pela proteção do prédio a abordaram na
porta do elevador, informando-a sobre a utilização do traje inadequado.
“Não tenho costume de usar calças jeans. Uso vestidos e saias e, diante
dessa situação, me senti a pior pessoa do mundo. Fui brutalmente
ofendida por esses militares. A postura dos PMs foi reafirmada por
outras funcionárias, o que mais doeu. Em alguns momentos, cheguei a
pensar, de fato, que estava vestida como uma verdadeira ‘periguete’. No
momento da abordagem, estava usando uma saia normal, que utilizo para
trabalhar e nunca tive nenhuma problema. Entendo que a roupa não
afrontava nenhum ato normativo do TJ”, informou a advogada.
Mirnia disse também que, apesar do ‘escândalo’ em virtude da postura dos
militares, o presidente em exercício do Tribunal de Justiça, o
desembargador Tutmés Airan, fez questão de procurá-la e lhe dar total
apoio. “Como mãe, advogada e ser humano estou bastante triste. Nunca
pensei em passar por tamanho constrangimento. É muito revoltante ter
sido impedida de entrar no local que trabalho há anos. Como resultado
desta postura preconceituosa, perdi os dois julgamentos que estavam
marcados para esta quarta-feira. Não cometi nenhum crime ambiental, pois
a saia de oncinha que vestia era de couro sintético. Portanto, não
havia nenhuma norma legal que justificasse a postura absurda da Polícia
Militar”, criticou a advogada.
Ainda na entrevista, a advogada revelou que o desembargador
desembargador Tutmés Airan assegurou que na próxima sessão do Pleno do
Tribunal de Justiça, semana que vem, o assunto em questão vai entrar em
discussão. Ela disse, ainda, que na hora da confusão o desembargador
classificou tal ato normativo como ultrapassado e, devido a isso, os
militares deveriam rever e até reconsiderar a postura frente a casos
semelhantes.
“Não é a primeira vez que fui barrada no Tribunal. Em outra situação, há
alguns dias, os militares disseram que eu não poderia entrar. Fui em
casa e troquei de roupa. Graças a Deus este caso repercutiu na imprensa e
acredito que essa postura infeliz não vai mais se repetir. Outras
colegas, também já foram barradas. Certa vez, uma advogada teve de votar
para a cidade de Arapiraca para trocar a roupa. Agradeço, publicamente,
o apoio de todos os amigos”, contou a advogada.
Nota do TJ
Por meio de nota à imprensa, a Diretoria de Comunicação do Tribunal de
Justiça do Estado de Alagoas, respondeu a Ordem dos Advogados do Brasil,
Seccional de Alagoas, e criticou a atuação da assessoria militar ao
analisar os trajes usados por advogada ao ingressar na Corte.
Leia os esclarecimentos:
1- É perfeitamente compreensível a postura da respeitável instituição
no elevado mister de participar da Administração da Justiça, bem como
na intransigente defesa dos direitos e prerrogativas de seus associados;
2- A observância à indumentária usada por quem ingressa nas dependências
do Tribunal decorre do Ato Normativo nº 15, de 30 de abril de 2009,
ainda em vigor;
3- Acrescenta que, nos informes constantes na Presidência do Poder, não
houve nenhum tipo de atitude por parte de nossos servidores que
caracterize “atitudes arbitrárias”, “agressivas”, “desrespeitosas” ou
“truculentas”, tendo eles agido com a devida urbanidade;
4- O Tribunal de Justiça reafirma o mais acendrado respeito por todos os
profissionais do Direito e pelos demais usuários de seus serviços.
Fonte; Tribuna do Sertão
http://www.tribunadosertao.com.br/2013/11/advogada-impedida-de-entrar-no-tj-diz-que-foi-ofendida-por-pms