Com dívida de R$ 50 milhões, Santa Casa deixa de atender pacientes em SP
Pacientes que procuraram por atendimento na madrugada desta quarta-feira na Santa Casa de Misericórdia em São Paulo foram surpreendidos com os portões do local fechados. Sem saber da interrupção dos atendimentos de emergência, não puderam entrar no hospital. Apenas duas grávidas em trabalho de parto foram atendidas.
Segundo informações da Folha de S.Paulo, a instituição - que é o maior hospital filantrópico da América Latina - informou que a paralisação dos atendimentos se deve à falta de recursos para comprar materiais como seringas e agulhas. Kalil Rocha Abdalla, provedor da Santa Casa, afirma que o hospital tem uma dívida de R$ 50 milhões com fornecedores que não aceitam novas encomendas enquanto o devido valor não for pago.
A assessoria de imprensa da Santa Casa divulgou em nota que está tentando reverter a situação. Durante esta madrugada, um caminhão com materiais chegou ao local, mas o atendimento continua interrompido.
Ainda de acordo com a Folha, três pessoas procuraram o hospital para atendimento nesta quarta-feira. Uma delas foi a dona de casa Juraci das Graças Fagundes Oliveira, que chegou às 3h com uma guia do Hospital Geral de Guarulhos solicitando triagem pela Santa Casa após sentir dores abdominais e disenteria há dias. Segundo a Folha, ao ser informada que não seria atendida, Juraci tentou argumentar que não buscava a emergência mas um encaminhamento para um especialista. "Meu caso não é pronto-socorro, faz um ano que tenho dores abdominais e ninguém descobre o que tenho", contou.
Kalil Rocha Abdalla contou que o problema de falta de recursos ocorre há anos porque a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) para repasses está desatualizada. "Não temos dinheiro para remédio, onde preciso comprar 100, só consigo 50. Além do pronto-socorro, temos 700 leitos e não temos condições de atendê-los bem, como sempre fizemos", afirmou.
"O governo perdoou nossas dívidas mas os fornecedores não. Atendemos quase 10 mil pessoas por dia e já comunicamos o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e para o resgate que evitem trazer pacientes para cá", afirma Abdalla.
O Ministério da Saúde afirmou que "recebeu com preocupação a informação do fechamento do pronto-socorro da Santa Casa e que a medida unilateral não foi previamente comunicada ao ministério".
Ainda de acordo com a Folha, o governo de São Paulo afirmou que tem auxiliado sistematicamente as Santas Casas e hospitais filantrópicos com recursos extras. "Apenas para a Santa Casa de SP serão encaminhados R$ 168 milhões em recursos extras do tesouro estadual deste ano, totalizando R$ 345 milhões em dois anos".
(Com informações da Folha de S.Paulo)
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