Tom Cavalcante no cruzeiro de Roberto Carlos - 5 vídeos
Depois de mais de duas décadas de uma carreira bem sucedida no Brasil,
Tom Cavalcante decidiu dar um tempo com tudo e tentar a sorte em
Hollywood. "É um recomeço, mas desta vez com a vida mansa", disse o
humorista em entrevista exclusiva ao
UOL, durante o cruzeiro "Emoções em Alto Mar" de Roberto Carlos.
Há um ano morando em Los Angeles, ele já lançou seu primeiro filme, o
curta-metragem "Pizza Me Máfia", que satiriza a chegada de mafiosos
italianos em Nova York na década de 1960. O filme foi todo produzido e
bancado por ele. "Saiu mais barato do que fazer no Brasil", disse, sem
revelar o orçamento. "No total foram uns US$ 10 milhões", fala e cai na
gargalhada.
Além de usar como portfólio para se apresentar aos
agentes norte-americanos, Tom pretende exibir o filme também em
festivais no Brasil. "Talvez em Gramado". De olho no aquecimento do
cinema nacional, sobretudo das comédias, ele se prepara para o primeiro
longa, que deve ser uma coprodução EUA-Brasil. "Vou pela linha da
comédia mais popular. Quero fazer o filme que o Chico Anysio faria no
cinema".
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Brad Pet, o cachorro de Tom Cavalcante
O humorista contou que o sucesso na Califórnia veio não apenas para
ele, mas também para seu cãozinho, o schnauzer batizado de "Brad Pet",
em homenagem ao astro hollywoodiano. "Brad está indo na frente e abrindo
os caminhos para mim nos Estados Unidos", brinca. "Na verdade tem um
papel de terapia, porque ele também ajuda na integração".
O cachorro tem até uma conta no Instagram,
@bradpet1,
com mais de 500 seguidores. Com a fama, Tom revela que o bichinho pode
até ganhar um papel no cinema. "É uma boa piada para eles [os
norte-americanos]. Quando falo o nome do cachorro todos dão risada".
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Roberto Carlos - 10 anos do cruzeiro Emoções em Alto Mar29 fotos
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10.fev.2014 - Tom Cavalcante se apresenta no cruzeiro de Roberto Carlos Reprodução/Facebook
Nova vida nos EUA
Tom Cavalvante almeja o sucesso nos Estados Unidos, mas o hiato que
impôs à carreira no Brasil teve um motivo mais pessoal do que
profissional. "Depois de 21 anos de televisão e shows, resolvi parar
para dar uma respirada". Ele se programou durante três anos antes de se
mudar para Los Angeles "com papagaio e cachorro", brinca. E aproveitou
para unir o útil ao agradável, usando o momento de pausa para investir
nele mesmo.
Depois de aprimorar o inglês --que, segundo ele, era
"muito primário"--, Tom se lançou na empreitada de desvendar os
segredos da indústria cinematográfica dos EUA e ao mesmo tempo começar
se infiltrar nela. "Queria saber como as coisas acontecem de fato por
lá, e ver como me sairia no inglês. O resultado é positivo".
O
comediante não vê a mudança para a Califórnia como definitiva. "É uma
temporada", diz, mas ainda sem data para voltar. Tom está com planos
para uma jam session em solo norte-americano com os atuais vizinhos, os
músicos brasileiros Seu Jorge e Sérgio Mendes.
Os detalhes são
constantemente conversados durante os jantares do trio nas noites em
West Hollywood, onde vivem. "Seu Jorge já tem uma penetração enorme nos
Estados Unidos, e o Sergio Mendes é o maior representante do Brasil e da
América Latina por lá". O espetáculo "ainda virtual", segundo Tom, deve
se chamar "Jorge canta Sergio no Tom".
Globo e Record
Tom Cavalcante nunca deixou de lembrar, até mesmo em seus shows, como
foi difícil entrar na TV Globo. "Fiquei dez anos batendo na porta". Ele
brinca que hoje seria bem mais fácil. "É só se inscrever no 'Big
Brother'".

De
repente recebi uma proposta milionária e irrecusável da Record (...) Só
tenho uma vida. Eu escrevia, dirigia, editava. Estava exaurido e decidi
parar com tudo
Tom Cavalcante sobre saída da Globo
A primeira oportunidade surgiu como roteirista de Chico Anysio. Na
época, Tom trabalhava em uma rádio e estava de plantão para gravar o
comercial do show de Chico no Ceará. "Levei fitas com gravações de
personagens que eu fazia". Segundo ele, os que mais agradaram Chico
foram João Cana Brava e o nordestino Seu Venâncio. "Ele ouviu e me
convidou para trabalhar com ele".
"Ele [Chico] me perguntou se
eu escrevia para TV. Nessa hora despertou em mim o lado mentiroso do ser
humano, e respondi que sim", relembra. "Na verdade, só conhecia TV de
assistir". Na Globo, Tom conta que aprendeu a escrever para televisão
com grandes redatores, como Henfil. Depois fez sucesso atuando na
"Escolinha do Professor Raimundo" e no "Sai de Baixo".
Sobre a
mudança da Globo para a Record, Tom desmente boataria de brigas. O
motivo, segundo ele, foi exclusivamente financeiro. "De repente recebi
uma proposta milionária e irrecusável da Record". Ele diz não se
arrepender de ter saído da emissora em que batalhou tanto para entrar.
"Só tenho uma vida".
Tom se orgulha de ter criado na Record
--onde permaneceu por sete anos-- um núcleo de humor, inexistente até
então. Ele diz também ter aberto uma porta importante para nomes do
humor do Nordeste. "Formei um time bom com nomes como Tiririca e
Shaolin". E afirma que saiu pelo cansaço. "Escrevia, dirigia, editava.
Estava exaurido e decidi parar com tudo".
Roberto Carlos
Segundo Tom Cavalcante, "o brasileiro nasce ouvindo Roberto Carlos".
Ele conheceu o cantor nos corredores da Rádio Globo, quando já fazia
imitações dele, ainda como radialista. "Achei ele um cara muito
simpático", diz. "Fiquei encantando, disse que era louco por ele e o
convidei para tomarmos um vinho. E aconteceu. Ele me convidou para
participar de um especial de final de ano, que foi meu passaporte para
essa amizade com ele".
Em seu aniversário de 50 anos, Tom ganhou
de Roberto Carlos um Corvette importado, avaliado em mais de R$ 300
mil. O humorista só não participou do primeiro cruzeiro. "Nos outros
nove anos estivemos juntos".