segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Médicos param processo de acordar Schumacher; família não confirma

Médicos param processo de acordar Schumacher; família não confirma

Heptacampeão do mundo não teria respondido bem à retirada de medicamentos
Do R7
 
Michael Schumacher, automobilismoRobert Cianflone/Getty Images
Schumacher sofreu um grave acidente quando andava de esqui no fim do ano
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Diferentes contratempos fizeram com que a equipe médica que cuida do ex-piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher optasse, há uma semana, por suspender o processo para tentar acordá-lo do coma no qual o alemão se encontra desde o fim do ano passado. A informação é da revista “Focus”.
A publicação não soube detalhar quais foram estes contratempos, mas o diário “Mirror” especula que entre as razões para a decisão dos médicos podem estar “a redução do fluxo de sangue, uma nova infecção ou sinais de que os remédios não estão fazendo o efeito esperado”.

Família de Schumacher agradece apoio dos fãs e projeta melhora do alemão
Vale lembrar que, nas últimas semanas, foi reportado que Schumacher teve pneumonia, mas se recuperou bem. Ex-companheiro dele na Ferrari, o brasileiro Felipe Massa também disse depois de uma visita ao hospital Grenoble, que o heptacampeão mundial havia mostrado reações com a boca.
A família de Schumacher optou por divulgar boletins médicos sobre o estado de saúde do piloto somente quando considerar necessário. Quando o processo para retirar Schumacher do coma foi iniciado, no fim de janeiro, a porta-voz dele, Sabine Kehm, ressaltou que “esta fase pode durar muito tempo”. Aliás, sobre o fato de os médicos terem desistido de acordá-lo, ela limitou-se a dizer que "não mudou nada".

Schumacher bateu a cabeça em uma pedra enquanto esquiava na França no dia 29 de dezembro. O capacete que ele usava quebrou ao meio.

Sem agência bancária, cidade do Piauí cria banco local e moeda própria

Sem agência bancária, cidade do Piauí cria banco local e moeda própria

Banco movimenta R$ 25 milhões em São João do Arraial, diz coordenador.
Piauí tem 68 cidades sem dependências bancárias, segundo o BC.


São João do Arraial adotou moeda própria para desenvolvimento da cidade (Foto: Catarina Costa/G1) 
São João do Arraial adotou moeda própria para
desenvolver cidade (Foto: Catarina Costa/G1)
Isolada dos maiores centros comerciais do Piauí, a cidade de São João do Arraial, a 253 km de Teresina, criou um banco local para contornar a falta de serviços bancários. Criado em dezembro de 2007, o "Banco dos Cocais" possibilitou o desenvolvimento econômico da região com a circulação de uma moeda própria, o "cocal".
No Piauí, 68 cidades não contam com nenhum tipo de dependência bancária, segundo dados do Banco Central. Em todo o Brasil, são 233 municípios, sendo que as regiões que mais sofrem com o problema são o Nordeste - 9,1% das cidades - e o Norte (7,6%). Já as cidades que não têm agências, mas podem ter outros serviços, como lotéricas e caixas eletrônicos, chegam a 1,9 mil em todo o país.

Emancipado em 1996 de Matias Olímpio, São João do Arraial não possuía agência bancária, o que obrigava os moradores a se deslocar até Esperantina, Região Norte do estado, a 20 km de distância. "Era difícil para se locomover, pagar uma conta e receber o pagamento. Sempre ficávamos dependendo de ir a outra cidade até mesmo para comprar roupa e alimentação, já que o comércio aqui era escasso", diz a moradora Maria Antônia.
Quando assumiu o cargo em 2005, o ex-prefeito Francisco das Chagas Lima disse que viu a necessidade de aumentar a circulação de dinheiro na cidade. Após consultar os moradores, a prefeitura constatou que a maioria das mercadorias consumidas eram compradas e produzidas fora da região, já que não havia bancos no município.
Ex-prefeito destaca importância da moeda para a cidade (Foto: Ellyo Teixeira/G1) 
Ex-prefeito destaca importância da moeda para a
cidade (Foto: Ellyo Teixeira/G1)
"Nessa pesquisa nós percebemos também que as pessoas necessitavam de pouco capital e isso não era interessante para os grandes bancos. Criamos primeiramente um Fundo Municipal de Apoio a Economia Solidária para arrecadar 40% da receita monetária, gerando em torno de R$ 20 mil. Em seguida, tomei conhecimento do Banco de Palmas (CE), primeira agência comunitária do país. Levei a ideia à população de São João do Arraial e, em dezembro de 2007, inauguramos o Banco dos Cocais e a moeda local", explicou.
Dinheiro começou a ser distribuído em dezembro de 2007 (Foto: Catarina Costa/G1) 
Dinheiro começou a ser distribuído em dezembro
de 2007 (Foto: Catarina Costa/G1)
O banco é de responsabilidade da sociedade civil, mas a prefeitura e entidades locais fazem parte do Conselho. Além da distribuição da moeda, a instituição funciona para pagar os servidores da região, arrecadar taxas públicas, como de água e energia, e distribuir benefícios como o Bolsa Família.  "Ele hoje tem reconhecimento do Banco Central, desde que circule o dinheiro somente naquela cidade. As notas distribuídas vão de C$ 0,50 a C$ 20", comentou Lima.
De acordo com a prefeitura, o crescimento da economia do município coincide com a entrada em circulação do Cocal. Somente nos dois primeiros anos de implantação da nova moeda no mercado, o banco comunitário movimentou R$ 3 milhões em cocais, o que representa 25% dos R$ 12 milhões que foram movimentados em todo o município.
O coordenador do Banco Comunitário dos Cocais, Mauro Rodrigues, destaca que, além do aumento na renda da cidade, a implantação da moeda ajudou na geração de trabalho e facilitou a vida dos moradores.
Para coordenador do Banco de Cocais, moeda local fez diferença para população (Foto: Catarina Costa/G1) 
Para coordenador do Banco de Cocais, moeda fez
diferença na cidade (Foto: Catarina Costa/G1)
"Hoje percebemos a movimentação de dinheiro na cidade e isso faz diferença para o comércio local, para a população. Outro fator importante é investimento feito pela instituição nos setores produtivos, especialmente com a liberação de microcrédito para a promoção de pequenos negócios", explicou o coordenador.
Hoje temos a certeza de pelo menos C$ 25 milhões circulando em São João do Arraial"
coordenador do Banco de Cocais, Mauro Rodrigues
Mauro Rodrigues lembra que, além de implantar o banco e a nova moeda, a Câmara de Vereadores aprovou na época uma lei estabelecendo que 25% dos servidores públicos do município recebessem seus salários em cocais. A medida foi proposta para evitar que servidores concursados, que vieram de outros municípios, gastassem seus vencimentos fora da cidade. Quem quiser trocar o cocal por real basta direciona-se ao banco.
Segundo o atual prefeito, Adriano Ramos, atualmente 25 mil em cocais circulam em São João do Arraial, o que equivale a mesma quantia em real. Mesmo com instalação de uma Lotérica, de outros correspondentes bancários e surgimentos de pontos comerciais que aceitam cartão de crédito, o cocal continua sendo a moeda mais utilizada na cidade, e todos os estabelecimento o aceitam.
"O Banco de Cocais estimula a economia solidária e segura o dinheiro no município. Por conta dessas e outras vantagens vamos continuar utilizando o cocal, é um benefício que atinge a todos. Além disso, a instituição ajuda a arrecadar dinheiro da receita da prefeitura para o Fundo Municipal de Apoio a Economia Solidária, que é usado como microcrédito", declarou o prefeito.
A comerciante Giseia Maria dos Santos, proprietária de uma padaria local, contou que no início a moeda chegou a ser rejeitada por receio, mas, com o passar do tempo, percebeu a melhoria no comércio. "Muitos desconfiavam da ideia, mas, após insistência e ver que era para o desenvolvimento da cidade, acabaram aceitando. É bom trabalhar com o cocal, saber que isso movimenta a renda local e beneficiou todo mundo, especialmente nós comerciantes", lembrou.
Comerciante destaca preferência pelo cocal ao invés do real (Foto: Catarina Costa/G1)Comerciante destaca preferência pelo cocal ao invés do real (Foto: Catarina Costa/G1)
Outro que comemora a circulação da moeda é Jean Santana. Dono de um pequeno armarinho, ele destacou não ter diferença entre real e cocal, e que prefere receber o dinheiro local por questão de segurança. "Como só tem valor aqui em São João do Arraial, o número de assaltos aos estabelecimentos é quase escasso", destacou.

O crescimento econômico contribuiu também para a abertura de novos pontos comerciais, como a instalação da loja de uma das maiores redes de departamento do Nordeste. O gerente Antônio Carlos conta que o cocal nunca gerou problema nas vendas e que a empresa já sabia do uso da moeda quando decidiu implantar o empreendimento na cidade.
Criação do Banco dos Cocais foi fundamental para circulação do dinheiro (Foto: Catarina Costa/G1) 
Criação do Banco dos Cocais foi fundamental
para circulação de renda (Foto: Catarina Costa)
O cocal
A moeda tem o mesmo valor do real, mas com maior poder de compra graças aos descontos oferecidos em todos os estabelecimentos comerciais do município. Se um produto custa R$ 10, pagando com a moeda social, custará C$ 9. O desconto é possível porque, para cada cocal emitido, há um lastro de um real garantido pela organização financeira comunitária.
As cédulas são estampadas com ícones da cultura e economia local, além possuir um selo que dificulta a sua falsificação. De acordo com o coordenador Mauro Rodrigues, o banco tem o custo de R$ 0,15 por moeda fabricada, além de arcar com o transporte desde Fortaleza, onde está a gráfica de confiança do Instituto Palmas, gestor e certificador de bancos comunitários no Brasil, e responsável pela impressão das notas.
"Hoje, para emitir dez mil cédulas, o custo chega a ser de R$ 5 mil. É um recurso bastante caro. Se a moeda fosse fabricada pela Casa da Moeda, nós teríamos redução dos custos, o material seria de maior qualidade. Caso tivéssemos este apoio, teríamos um avanço gigantesco tanto do ponto de vista institucional como financeiro", acrescentou Mauro.