Joseph Blatter discutiu o pagamento de US$ 10 milhões em propina sobre a escolha da sede da Copa do Mundo de 2010, que foi realizada na África do Sul. Segundo o jornal sul-africano "Sunday Times", que teve acesso a uma troca de e-mails sobre o assunto, o mandatário da Fifa, que renunciou ao cargo na última semana, acertou o assunto com Thabo Mbeki, presidente do país africano.
O jornal não publicou a íntegra dos e-mails, mas relatou uma troca de mensagens em 2007 entre o governo sul-africano e Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa. Na conversa, o dirigente da entidade que comanda o futebol internacional disse que o pagamento de propina já havia sido alinhavado entre Blatter e Mbeki.
O processo de escolha da Copa do Mundo de 2010 é um dos principais assuntos em investigação liderada pelo FBI (polícia federal dos Estados Unidos) sobre o futebol em âmbito mundial. No dia 27 de maio deste ano, sete dirigentes ligados à Fifa foram presos em Zurique (Suíça), onde estavam hospedados para participar do congresso da entidade.
Blatter, que comanda a Fifa desde 1998, foi reeleito dois dias depois das prisões. Contudo, renunciou ao cargo no dia 2 de junho e convocou novo pleito para escolha de um sucessor. Ainda não há data para que esse processo seja concluído.
A renúncia de Blatter aconteceu um dia depois de o jornal "New York Times" ter publicado que Jérôme Valcke estava sendo investigado por suspeita de suborno em repasse de US$ 10 milhões para a escolha da sede da Copa de 2010.
Naquela época, a Fifa disse em comunicado oficial que o governo da África do Sul havia desembolsado US$ 10 milhões para apoiar um projeto chamado "Diáspora Africana" e desenvolver o futebol em outras partes do globo – o projeto jamais foi detalhado pela entidade.
O pagamento foi confirmado pela Safa (associação de futebol da África do Sul), que disse ter enviado o dinheiro à CFU (união de futebol do Caribe) como parte de um projeto para fomento do futebol. Em depoimento à Justiça dos Estados Unidos, Chuck Blazer, ex-membro do comitê-executivo da Fifa, disse que o objetivo desse dinheiro era comprar seu voto no processo de escolha da sede da Copa.
O governo sul-africano fez o pagamento em três parcelas, em 2008, mas o dinheiro foi desviado por Blazer e Jack Warner, que também era membro do comitê-executivo da Fifa. O pagamento foi autorizado por um membro de alto escalão da entidade internacional, e o "New York Times" disse que Valcke participou. Segundo a diretoria da instituição, contudo, o responsável por isso foi Julio Grondona (ex-vice-presidente da Fifa, que já morreu).
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