Telefone celular em presídio de Alagoas chega a custar R$ 10 mil
Preço do aparelho sobe quando a fiscalização aperta; máquinas de raio-x dos de três presídios estão quebradas
Celulares,
como estes, apreendidos em uma varredura no Baldomero em 2011, podem
custar caro dentro do presídio (Crédito: Assessoria / Arquivo)
A "mordomia" dentro do sistema penitenciário alagoano é de alto custo para os detentos. Em épocas de fiscalização intensa, por exemplo, um telefone celular
chega a custar R$ 10 mil no Presídio de Segurança Máxima. Os detentos
que podem pagar esta quantia estariam ligados ao tráfico de drogas.Essas informações foram passadas ao juiz da Vara de Execuções Penais, José Braga Neto. Com o valor seria possível comprar cinco smartphones de alta performance.
Após assistir ao vídeo da festa de presos com direito a churrasco, maconha e cerveja exibido nessa quarta-feira (2), pelo Fique Alerta, da TV Pajuçara/ Rede Record, o juiz afirmou que os reeducandos contam com a permissão de agentes penitenciários e que será aberto um processo administrativo para identificar e punir os infratores. “Tem de haver a permissão dos agentes. Não tem como entrar na unidade
sem passar primeiramente por eles”, destacou. Os reeducandos que aparecem nas imagens seriam José Rui Monteiro de Araújo, acusado de tráfico de drogas e formação de quadrilha, e Gregório Aquino, condenado por homicídio. Eles estão detidos no Baldomero Cavalcanti. Na última sexta-feira, 27, os agentes penitenciários do presídio Cyridão Durval registraram o recebimento de duas geladeiras para beneficiar reeducandos.
A entrada desse e de outros eletrodomésticos é permitida pela Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris), mas não é vista com 'bons olhos' pelos agentes penitenciários. A pasta permite que por cela pode ter até oito ventiladores, uma televisão e uma geladeira de 280 litros ou frigobar para cada 150 detentos.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen), Jarbas de Souza, o recebimento desse tipo de eletrodoméstico possibilita também a entrada de drogas e outros produtos escondidos em compartimentos secretos. “As máquinas de raio-X do Baldomero e do Cyridião estão paradas há mais de um ano. Eles querem desmoralizar o estatal para virem com a ideia de privatização do sistema”, disse.
A pasta confirmou que, além dos presídios citados pelo sindicalista, o de Segurança Máxima também está sem o equipamento, mas que está prevista a aquisição de cinco máquinas.
Bloqueador
Nas imagens também é possível ver os presos conversando em telefones celulares. Em Alagoas, dos oito presídios, apenas um conta com a tecnologia para bloquear o sinal desses aparelhos. O único que faz esse tipo de bloqueio é o Presídio do Agreste, localizado em Girau do Ponciano, a 159 Km de Maceió.
Os dados são da Seris. No dia 21 de maio, o detento Sílvio da Silva, que estava preso no Presídio de Segurança Máxima Baldomero Cavalcanti de Oliveira, atualizava com frequência o perfil no Facebook.